Existe alguma relação entre a mortalidade das pequenas empresas e o não uso de ferramentas administrativas que auxiliam na gestão?
No Brasil, 99% do total de empresas são micro ou pequenas empresas, de acordo com a Agência Sebrae de Notícias.
Uma perspectiva muito positiva, foi indicada em seu último relatório sobre o tema “Sobrevivência das Empresas no Brasil”, em 2016.
Diferentemente de como ocorria em anos anteriores, a Taxa de Mortalidade de Empresas de até dois anos caiu.
Os resultados indicaram uma queda de 45,8%, no ano de 2008, para uma taxa de 23,4% em 2012.
Então, por que morrem tantas empresas?
Dentre algumas razões que levam um empreendedor a encerrar as atividades de sua empresa, duas chamam a atenção: motivação e planejamento.
Motivação
Quem empreende, motiva-se por sua percepção para o negócio, desenvolvida através das ocupações anteriores ou sua experiência com o ramo escolhido.
Este fator decide o encerramento das atividades do empreendedor pois, sem a motivação correta, não há negócio que se possa sustentar.
Sendo assim, a desmotivação para a continuidade da empresa, diante de ventos contrários, é a mais pura expressão da ausência de comportamento empreendedor.
Sem esse comportamento, os objetivos empresariais ficam inatingíveis conduzindo o empreendedor ao encerramento de seu negócio.
Planejamento
E o que dizer sobre o planejamento do negócio?
O planejamento, financeiro e estratégico, reflete uma sustentável motivação para o empreendimento, sendo ferramenta imprescindível para a permanência no ecossistema empreendedor.
Apesar disso, é justamente no planejamento que se observa a carência de ações práticas, pouco subjetivas, capazes de decidir o jogo .
Lamentavelmente, a maior parte dos empreendedores não reconhece a sua importância.
Empreender por necessidade, somente, junto ao planejamento deficiente, a falta de acompanhamento e interferência nos resultados, são ameaças para o empreendedorismo.
Ferramentas disponíveis ao empreendedor
Sendo assim, como é possível o empreendedor não fazer parte da fatia ruim das estatísticas?
Primeiro, tendo clareza sobre o “por quê?” vai empreender.
Segundo, investindo tempo no planejamento e aprendendo a usar novas ferramentas de gestão.
E por fim, aplicando o que aprendeu sobre as ferramentas disponíveis, apesar do desafio pois, novas técnicas surgem com frequência.
Conheça, a seguir, algumas dessas ferramentas:
Plano de Negócios
Em outras palavras, trata-se de um texto, um documento que o próprio empreendedor deverá produzir.
Nele descreverá todos os objetivos de seu negócio além dos passos para a realização dos mesmos.
O objetivo é fazer constar no documento, os possíveis deslizes que poderão ser cometidos, a fim de que estes sejam “solucionados” pró-ativamente.
Ainda há outras etapas dentro de um plano de negócio, como por exemplo, a análise do mercado em que irá atuar.
Da mesma forma as previsões de faturamento, público-alvo e produtos e serviços deverão constar neste documento, esses são passos necessários para o sucesso.
Fluxo de Caixa
Conhecida ferramenta, implica em analisar, acompanhar e interferir, no movimento de entradas/saídas de recursos do caixa.
Usa-se com frequência a segregação dessas análises por períodos determinados, como meses, bimestres, semestres, anos, etc.
Tem capacidade de auxiliar o empreendedor no momento de tomadas de decisão para o uso mais assertivo dos recursos financeiros disponíveis.
Na mesma linha, apoia o momento de decisão pela tomada de recursos de terceiros, como empréstimos bancários, por exemplo.
Pesquisa com clientes
Há quem diga “que o cliente tem sempre a razão” e esta máxima tem sua verdade.
Afinal, conhecer a opinião do público-alvo dos produtos e serviços que irá oferecer é uma excelente ferramenta para decisão acertadas nos negócios.
Todas as informações levantadas aqui, devem ser usadas para pensar oportunidades de melhorias e estratégias para aumento dos resultados.
Outras ferramentas administrativas
- Planejamento Estratégico: consiste no direcionamento das ações empresariais.
Permite que sejam levantados e conhecidos os pontos fortes da empresa, frente aos seus concorrentes.
De igual maneira, apoia na identificação de pontos fracos que deverão ser melhorados na forma como são conduzidos os negócios.
Além do mais, contribui para que se encontrem oportunidades de novos produtos e serviços e fortalece o negócio frente às ameaças do mercado.
- Benchmarking: processo em que o empreendedor tem uma referência empresarial, em quem busca espelhar as melhores práticas.
Processo de comparação qualitativa onde serão observadas as oportunidades de melhoria para o seu próprio negócio em relação às melhores práticas das empresas concorrentes.
A importância das ferramentas administrativas no apoio à gestão
Ainda que propostas, essas ferramentas administrativas, isoladamente, não são capazes de solucionar os desafios surgidos, com frequência, na vida do empreendedor.
Duas ou mais delas, deverão ser experimentadas ao mesmo tempo para que os resultados desejados ganhem forma e se consolidem.
Apesar do desafio, conhecer as principais ferramentas administrativas ou as mais acessíveis e fazer uso delas, faz toda a diferença.
Acima de tudo, elas jamais devem ser ignoradas!
O relatório apresentado pelo Sebrae, sugere ainda que o insucesso nos negócios é resultado certo para quem empreende “apenas” usando o feeling.
Isto é, a sensação, o sentimento, de que “se é” empreendedor apenas por “estar” empreendendo.
Por essa razão que, conhecer e usar as ferramentas disponíveis para uma boa gestão, é imprescindível ao empreendedor.
Seu uso o capacitará a driblar questões como despesas, vendas, problemas financeiros e outros.
Também o habilitará a compreender os custos, a atrair clientes e acessar crédito sadio para a alavancagem de seu negócio.
Mãos à obra!
Jamais confunda comportamentos empreendedores como garra, determinação, foco, obstinação, fé na intuição ou persistência, com competências necessárias para empreender.
Ainda que complementares, esses comportamentos e competências como capacidade de gestão e interpretação de resultados, por exemplo, são habilidades distintas.
Lembre-se: ninguém jamais empreendeu com o objetivo de não ter sucesso.
Então, dedique-se ao seu plano de negócio e, se já está empreendendo, escolha as ferramentas por onde começar.
Agora, mãos à obra!
Nossas famílias precisam de exemplos de empreendedores bem sucedidos e corajosos e o Brasil também. E quem melhor do que nós?