Uberização: é um termo cunhado para expressar um novo formato de fazer negócios, apoiado nas tecnologias móveis, que conectam o consumidor, da forma mais direta possível, ao fornecedor de produtos e serviços, agregando ao produto ou serviço final uma personalização, coisa que não era possível de se fazer antes.
E se parássemos para analisar sobre o que fazer com o formato de um negócio tradicional, que há muito tem se mantido da mesma forma de fazer? Devemos insistir na sua manutenção? Como e quando se deve interromper esse formato de fazer o negócio? O que mudou e o que não mudou? O cliente ainda está disposto a ter o seu produto ou serviço e ainda está disposto a pagar por isso. Então o que mudou?
O que mudou foi a forma de consumir e a acessibilidade ao serviço. A disponibilidade imediata foi o que disparou o início do processo. O que conta hoje é como um produto é acessado e consumido. Basta submeter o plano de negócio a essas duas condições. A tempo e a hora, facilidade através de um instrumento e rapidez na resposta. Pronto: está “fotografado” não o problema, mas a solução.
Qualquer indústria, segmento, empresa de serviços ou outra qualquer pode utilizar as lições aprendidas até o momento e replicar o uso da digitalização e a distribuição de responsabilidades com a participação direta do consumidor ao longo do processo para acelerar o seu sucesso empresarial. A definição para isso? UBERIZAÇÃO.
Esse formato pode ser adotado por qualquer ramo de negócio que não tenha restrições ao uso de tecnologia como apoio e não tenha resistência à mudança do modelo tradicional para um outro totalmente diferente de fazer e que por esse motivo o chama de modelo disruptivo.
Obs: Disruptivo: há muitos sinônimos para o termo, como pioneiro, indisciplinado, perturbador e outros. Há também os que consideram disruptiva a forma nova de um negócio de poder atender a uma demanda represada pela incapacidade ou impossibilidade de ter sua demanda satisfeita nos moldes tradicionais. Mas vamos então, baseados nesses conceitos, imaginar que existe um negócio funcionando, horizontalmente, com demanda muito crescente e finalmente se estabelece o caos e surge então uma nova forma que ultrapassa, rompe na direção vertical, o nível do anterior formando um novo “guarda chuva” onde estão os que são atendidos pelo novo sistema. Então diz-se que houve uma disrupção. Outra observação a respeito é que não há relação com tecnologia, mas com uma nova forma de gerir atingindo aos desassistidos pela forma anterior.
Mudaram dois aspectos fundamentais: a forma de consumir o produto e a experiência do consumidor que, a forma unida à execução, trás para o ecossistema do negócio. Isso gera uma “distribuição” de responsabilidades na gestão de forma automática, coparticipação do consumidor na mensuração direta da qualidade do serviço prestado e na analise da linha de todo o processo de execução.
“O século 18 abraçou a ideia do progresso; o século 19, da evolução; o século 20, do crescimento e da inovação. Nossa era atual, do século 21, é da disrupção. Os efeitos colaterais dos novos modelos de negócios muitas vezes provocam, por despreparo do ecossistema corporativo, a falência de empresas tradicionais, a demissão em massa e a precarização do mercado de trabalho.” (Jill Lepore, historiadora e professora de história da Universidade de Harvard)
Para entender o que é Uberização precisamos entender qual foi o cerne do Uber que fez tanto reboliço no mundo inteiro: transparência dos dados, o estado on-line ou acessível dos dados e de forma imediata, real time ou tempo real. Vamos ver o que promove isso:
- O cliente participa das decisões através do uso da tecnologia, tendo total controle de todo o processo de uso do serviço
- o motorista tem visibilidade do seu trabalho e é o único responsável pelo seu progresso e permanência no negócio
- o sistema permite validação em duas mãos: do cliente para o prestador do serviço e do prestador do serviço para o usuário
- o cliente não etá submetido ao sistema e o motorista tem autonomia de feedback imediato ao seu serviço
- os motoristas não tem vínculo com o prestador do serviço
- o que existe é uma relação entre prestador de serviço e fornecedor com base em contrato que rege benefício mútuo
- o risco do negócio é por conta de quem presta o serviço, o motorista
- o fornecedor possui toda a flexibilidade de poder ter frota o suficiente para atendimento de demandas oscilantes sem nenhuma burocracia que retarde a prestação do serviço a quem mais interessa: o usuário.
- sem investimento de capital pesado ou de despesas operacionais, podendo se concentrar em seu “core business”: atender ao usuário final em negócios cada vez mais expandidos na plataforma de transporte; e que diga-se de passagem está abrangendo não só o individual, mas também o coletivo, como helicópteros e aviões
A grande lição que tomamos é a de que se temos um problema existente em nosso negocio, aquele que já funciona há muito tempo de forma tão satisfatória, mas que agora começam a aparecer insatisfações, diminuição da procura, enfim, não procure emendar uma solução ou tomar uma ação paliativa… Redesenhe, isso mesmo, altere o formato atual para uma nova experiência do cliente digital da sua marca. Repense a presença de sua marca num modelo de organização digital. Seria uma excelente experiencia, como modelo, uma empresa conseguir romper suas amarras e sobreviver às mudanças, procurando inclusive imprimir uma nova marca no mercado.
Qual será a sua atitude diante de tudo isso?
- Não trate o novo negocio como se fosse o formato antigo
- Entenda como a nova competição aborda as ineficiências do setor ou do seu serviço
- Não ignore pequenos avanços tecnológicos, porque coletivamente, eles podem tornar-se uma mudança revolucionária para uma indústria
- Redesenhe continuamente. Construa e amplie os negócios em torno das necessidades dos seus clientes, e não se deixe seduzir pela sua possível eficiência
- Seja obcecado por dados fiéis, constantes e imediatos, fornecidos pelos usuários, diretos e indiretos, do serviço
- Sua organização deve ser móvel, todos os envolvidos devem portar o seu negócio (processos mobile), o suficiente para que tudo possa ser feito pelo celular de forma rápida, desburocratizada e diretamente
- Interagir com os modelos startups em todas as áreas e tentar inserir nos novos negócios
- Não cabe mais no momento digital de agir, discutir tempo, volume e lugar. O investidor, inovador ou empresário atual precisa começar agora, na maior produtividade possível e onde estiver
- Invista em pessoas desapegadas às formas tradicionais de agir e pensar. O mundo mudou e a uma velocidade que não se tem tempo nem pra analisar o processo
Por exemplo: Será possível continuar com o formato de capacitação ou de formação superior que temos hoje que leva no mínimo 4 anos pra formar um profissional para atuar no mercado? Há algum tempo, e põe tempo nisso, os estudantes de nível superior reclamam da deficiência do sistema de ensino. Agora pensem no Ministério da Educação. O tempo que levaria para formalizar um novo formato. Se conduzirem no formato tradicional vai levar 10 anos, no mínimo, para adoção de um novo formato que já estará ultrapassado quando aprovado.
Divida com a gente alguma sugestão que você tenha diante de tantas, rápidas e definitivas mudanças promovidas pelas inovações e tecnologias. Entenda porque a ineficiência crônica cria um abismo competitivo no Brasil.
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